livro
Um livro é sempre um corpo, uma tentativa de sobreviver. Uma pirâmide, um envoltório... letras, palavras, mapas, poemas. Decifra-me. O livro pede sutilmente em seu suspiro silencioso. Dentro do livro um emaranhado de ataduras, feridas, órgãos, sobras, pequenos dragões. Gritos contidos, albergue de gestos. Abrir um livro póstumo é feito abrir um túmulo, feito um tumulto talvez, uma festa de Los muertos. Cabe dizer que são ossos expostos, colunas, costelas, escápulas. Entranha não perecível, com odor de árvore em reinvento. Corpo de árvore laminado e cheio de garancho narrativa. Corpo arremedo, de remendos, de retalhos de enredo. Mapa de muitos destinos. Borboleta-peixe com olhos nas asas.
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