poeta

Claro! 🌹 Eu revisei seu texto mantendo a emoção e a força do relato, apenas ajustando a clareza, a fluidez e a pontuação, sem tirar o tom íntimo e afetivo. Veja a versão revisada:

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Teve uma fase em que ela não queria mais aparecer em fotos:
— “Tira essa foto não, estou muito feia, desdentada... tire de você que está bonita.”

Muitas vezes foi à FoP de Camaragibe tentar ajeitar um dente ou outro que ia se puindo... Eu dizia: “Mainha, deixe de preconceito com quem é banguelo, a senhora é linda de todo jeito.” Mas a autoestima dela estava abalada.

Com o tempo, isso foi passando. Ela já não ligava tanto para o olhar dos outros. Entrou em processos profundos, de mergulho na semântica do cinismo... A cadeia Lala foi sua fiel escudeira nessa trilha.

Antes de partir pras estrelas, ela veio ver a neta — mas ficou para morrer comigo. Percebi que a memória dava saltos... Ela não queria, mas tinha fé na medicina e aceitou quando a médica disse que não poderia mais viver sozinha.

Nos anos que se seguiram, virou irmã da neta, e se deixou ser cuidada, banhada, perfumada... Foram anos imprescindíveis para colocar em prática as ideias do livro, e onde, mesmo no exercício de cuidar, eu sentia a força de sua presença que ainda assim me estruturava. Mal sabia eu a preciosidade daqueles poucos anos que logo não seriam mais possíveis...

Veio a gravidez de Omar. Ela pressentiu, me acompanhou em todo pré-natal, chegou a ninar e até quis dar peito a ele... Mas o Sertão não foi generoso: tomou-lhe as carnes e o fôlego. Penso, tantas vezes, em tudo que poderia ter feito diferente para que talvez ela ainda estivesse aqui.

Em janeiro, completaria 80 anos. Veria seu livro publicado, seus versos sendo recitados... veria os netos crescendo e sua filha virando irmã, prateando os cabelos como os dela.

Mas voltando ao retrato: nessa época, ela usava um grande chapéu. Feito Ascenso Ferreira, que também usava aba larga. Sabem que ela pegava bonde com Ascenso quando jovem? Pois é... me contava desses acasos preciosos.
“Nos menores frascos, as mais finas essências” — dizia, lembrando as conversas em versos que entretinham a viagem.

Um dia, encontrou um livro com o retrato daquele senhor incomum. Foi então que descobriu: tratava-se de um poeta.