Amamentar

Aritimética.

Por Maria Clenice Viana Valadares (Clene Macambira) .

Eu estudava no Grupo, que era uma escola estadual. Naquela época não havia eleições para diretora e os político escolhiam seus apaniguados. A diretora era feia por dentro e for fora, e o filho dela também.

Os meninos usavam calças curtas.

Num dia ensolarado chegou um menino diferente. Usava calças compridas e não falava como a gente. Ele tinha vindo provavelmente do sudeste. no recreio ele perguntou:

- A que horas vai ser a aula de aritmética?

Quem ainda estava lá, pra não mostrar ignorância, ficou calado. Mas eu que era perguntadeira respondi com uma pergunta:

- O que é aritmética?
- É o que vocês chamam de matemática. Daí em diante todos esqueceram seu nome. Ele passou a ser chamar Aritimética.

Certa manhã o banheiro estáva cheio de palavrões. Aritimética, o mais educado da turma, foi acusado de ter escrito aquilo. A feia diretora esbravejava contra ele que chorava desesperadamente e dizia que não tinha escrito nada no banheiro.

A expulsão de Aritmética me fez odiar a diretora. Minha raiva dela era tanta que quando minha professora entrou na sala de aula dizendo que alguém da diretora tinha morrido, eu que ainda não sabia o que era ato falho, fui lá e disse: Parabéns. (Eu nem notei que tinha usado essa palavra). Alguém bateu no meu ombro e disse: diga, "meus pesames"! Pedi desculpas por ter errado e saí.

Tou velha agora, com 63 anos no lombo, e cabelos brancos, e histórizando as memórias... Me pergunto: onde estará Aritimética?